A BELEZA QUE SE VÊ
Há coisas que só os olhos do coração entendem.
Aqui, na nossa terra antiga, a paisagem não se olha — escuta-se.
Cada pedra guarda um murmúrio, cada linha de socalco desenha uma memória.
Em São Salvador, Mirandela, a névoa das manhãs cobre o vale como um véu sagrado.
O sol rompe devagar, dourando os montes, pintando as oliveiras com luz mansa.
E as mãos — essas mãos sábias e fortes — continuam a moldar o campo como quem reza com os dedos.
Na Quinta do Terreiro, não vemos só o que está diante dos olhos.
Vemos o que vem de trás, dos avós que pisaram este chão, dos rituais que o tempo não levou.
A cada estação, a terra veste-se de cor nova — e nós, fiéis a esse ciclo, seguimos a beleza da mudança.
É essa visão que nos guia.
A beleza silenciosa do que é real.
A cor da raiz, o traço da tradição, o reflexo da alma no território.
Contemplar é resistir à pressa. É honrar o que permanece.
Venha ver com os nossos olhos — e talvez veja com os seus o que nunca tinha reparado.