O Som do Silêncio
Há silêncios que não se calam — contam histórias antigas, sussurradas pela terra.
Aqui, entre montes e socalcos, ouve-se o que o mundo já esqueceu:
o chiar das cestas cheias de azeitona,
o murmúrio das folhas quando o vento dança,
o correr da água nos regos como se fosse reza,
e o zumbido lento das abelhas, fiéis guardiãs do mel.
Na Quinta do Terreiro, escutar é um ato de presença.
É ouvir os passos de quem veio antes — os avós que ensinavam com o olhar e os gestos,
os filhos que continuam a lavrar com respeito, e os netos que, em silêncio, aprendem.
Este é o som do campo: não grita, mas entra fundo.
É o som da espera, da semente que germina, da terra que se move devagar.
O som do silêncio é o mais cheio de todos.
E quem o escuta, leva consigo uma memória que não se apaga.