Quinta do Terreiro
Nascia José do Espirito Santo Pastora em São Salvador no concelho de Mirandela casou com Adelaide dos Anjos Morais e ali constituiu família.
Era Rei de Portugal Luis I, monarca defensor das liberdades públicas, monarca constitucional, foi durante o seu reinado que Portugal decretou a abolição da pena de morte e da escravatura, amplamente aplaudido na Europa, nomeadamente por Victor Hugo que numa nota enviada ao Diário de Notícia felicitava o Parlamento, os governantes e pensadores portugueses, e afirmava que a Europa iria imitar e seguir o exemplo, defendendo “Morte à Morte, Guerra à Guerra, ódio ao ódio”!
Mas em São Salvador, no concelho de Mirandela, o povo pouco ou nada se importava com os tempos da mudança que começavam a pairar e embora perto dos Paços do Concelho, nem a batalha épica entre a Resistência Republicana e os Monárquicos do Norte, sobejamente conhecida como a Traulitânia que destruiu grande parte dos edifícios próximos da ponte em Mirandela e que causou perdas de vidas humanas ou a inauguração da Linha do Tua com a chegada do comboio a Mirandela abalava a maior preocupação dos chefes de famílias que era a sobrevivência e o sustento das famílias numerosas, trabalhando de sol a sol, do verão ao outono, do inverno á primavera, de solstício em solstício, para amealhar alguns reis para comprar uns pedaços de terras. Assim, com a missão de angariar o sustento para as 3 filhas, Maria Aurora, Prazer da Conceição e Teresa começaram a germinar as raízes de um projeto que teve o seu início no século XIX e perdura até hoje, com a compra do Olival Velho, pelo avô materno, olival centenário que é da família há 6 gerações e como o nome sugere a idade de algumas oliveiras devem contar mais de duzentos anos….
O descontentamento do povo aumentava de tom a cada ano que passava... Os anos passaram, os tempos revolucionaram Portugal que a 5 de Outubro de 1910 passou a ser uma República. Mas, os novos tempos do início do século XX foram ainda mais agitados e conturbados e os governos sucediam-se uns atrás dos outros até que um novo regime ditatorial tomou posse em 1926 e pela governação de António de Oliveira Salazar se perpetuou durante 48 anos. Em 1969, a guerra colonial ou popularmente referida como guerra do ultramar porque opunha as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas colónias — Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, o neto de José do Espírito Santo Pastora foi convocado para alinhar para ir combater na Guerra Colonial.
O jovem quando saiu para o alto-mar com destino a Angola, mais não sabia do aquilo que lhe diziam: iam defender a Pátria e mais não queria que receber as cartas da sua madrinha de guerra, e amealhar os escassos escudos de soldado que por direito eram seus. Os escudos foram crescendo numa algibeira e o sonho começava a esboçar…. A madrinha seria um dia a sua esposa, e lá na sua terra, na terra do seu Avó Zé havia um monte, o Lameiro Terreiro, com um pequeno olival velho e sonha que o monte um dia seria seu… Ainda a guerra colonial não tinha terminado e já a sua missão tinha chegado ao fim, e os tempos que tanto ambicionava chegaram, casou em 1971 com a sua madrinha de Guerra, e negociou a compra do monte do Terreiro.
Mas os tempos eram carrascos, difíceis nomeadamente em Trás-os-Montes, região do país fortemente fustigada pela pobreza... Com a esperança de uma vida melhor, milhares deixaram as suas terras rumo à Europa que depois da 2.ª Guerra Mundial se reconstruia e se erguia como uma potencia: a Comunidade Económica Europeia, CEE. França, foi o destino que o jovem casal procurou para conseguir acabar de pagar a dívida da compra da sua Quinta. Já numa segunda tentativa, e com a filha ao colo e com a sua esposa, numa noite de chuva torrencial e trovoadas, a salto passou um ribeiro acidentado perto da fronteira que dava acesso a Espanha por Chaves e de comboio seguiram viagem até à GARE DU NORD.
Quando o 25 de Abril de 1974 e a Revolução dos Cravos libertou os portugueses de um longo período de ditadura e censura, a novidade chegou a terras de França apenas umas semanas mais tarde numa carta enviada pela sua mãe, Prazeres da Conceição mas em nada alterou a rotina do operário que depois de longos dias de trabalho, nas longas e frias noites em frente a uma lareira, numa casa nos subúrbios de Paris, sentava a filha ao colo e falava incessantemente das saudades que tinha da sua terra natal e do monte da Quinta do Terreiro.
Dessas longas conversas nasceu e brotou uma cumplicidade eterna....as raízes, OS LAÇOS do apego sedimentavam-se e o brilho do olhar crescia nessa criança sempre que vinha à sua terra natal, com a certeza que um dia iria continuar o legado do seu pai…
Depois de regressar a São Salvador em 1984, e seguindo-se a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1986, uma nova política agrícola comunitária determinou os apoios para implementar a nova agenda, e o soldado de outrora, que nunca esqueceu os seus sonhos, desbravou todos montes da quinta …
E o que um dia tinha sido monte, era em 1998 um jovem olival…. O que um dia tinha sido sonho, uma miragem ... tinha-se realidade …Mas o sonho foi interrompido...Foi necessário que a renovação da vida trouxesse o alento necessário para continuar esse sonho… foi necessário dar tempo ao tempo para que a esperança fizesse renascer a Phénix e continuar o desígnio, honrar o seu nome e levar longe no tempo e no espaço o seu sonho...
Cientes da missão que tinham, a sua filha e herdeiros definiram que o futuro da Quinta do Terreiro teria como alicerces o total respeito pelos seus antepassados e uma produção assente em práticas sustentáveis alinhadas com os compromissos do Século XXI com o planeta e a sua sustentabilidade, e que associadas à morfologia e ao clima… popularmente conhecido como 9 meses de inverno e 3 de inferno determinam a qualidade dos produtos da Quinta.
A Quinta do Terreiro cresceu com a compra de mais terrenos, que associados a mais terrenos herdados, à dedicação e ao trabalho árduo da família produz a azeitona verdeal, cobrançosa e madural, da qual se extrair um azeite extra virgem, fino, com sabor intenso, de uma cor esverdeada que reflete a pureza e a dedicação ao projeto e ao progenitor.
O vale de amendoeiras em flor são o prenúncio de um eterno renascer, onde a amêndoa biológica é maioritariamente destinada à exportação e o mel da Quinta do Terreiro com sabor a rosmaninho, urze ou castanheiros são o compromisso da Quinta do Terreiro com o território, a sua autenticidade e com a Humanidade...
A Quinta do Terreiro através do seu Azeite, das suas Amêndoas e do seu Mel, sabe que a qualidade e a singularidade dos seus produtos serão apreciadas por todos os que os degustaram, mas sabe além disso que ninguém ficará indiferente a um sonho que atravessou os momentos mais marcantes da História de Portugal e gerações de pessoas humildes onde os valores como a família, o trabalho e a resiliência transformam os sonhos em realidade. Um dia Steve Jobs, disse ... “cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir”. Hoje, na Quinta do Terreiro, nós afirmamos, não precisamos de ser CEO de Unicórnios, ou de uma multinacional, na verdade só precisamos de ter a ousadia de ser CEO´s dos nossos próprios sonhos para que o futuro passe a existir...
A Quinta do Terreiro convida-os a visitar-nos, a degustar os nossos produtos, a participar nas nossas atividades, a valorizar experiências, a partilhar emoções que serão inesquecíveis porque têm a autenticidade de quem foi e é CEO dos seus próprios sonhos…de quem continua a criar laços com o passado, com o futuro e com o território....
Os herdeiros,
Maria do Céu, a esposa, Cristina e Alfredo, a filha e o genro, Fredy, Bruna, Marlene e Salvador, os netos e o bisneto. Com Samuel Passas no coração...
A Quinta do Terreiro presta assim uma homenagem a todos os pais que hoje no século XXI continuam a carregar os seus filhos ao colo para fugir da fome, das guerras, portadores do sonho de uma vida melhor e com a coragem na bagagem rompem por terra e mar....